O Outono aproxima-se, ainda que a temperatura dos dias camufle a sua chegada. Já nos despedimos da praia, já suspiramos pelas próximas férias e já sentimos arrepios só de pensar no frio que vai chegar nos próximos meses... Mas não é preciso sofrer por antecedência. Podemos perfeitamente assumir a ideia de que isto "é tudo psicológico" e fingir que ainda estamos de férias, sem stress e a bronzear o corpinho. Nem que seja durante duas horas. É só encostarem-se no sofá - ou na cama, vocês é que sabem - e ver um destes filmes que nos transportam para sítios quentes, paisagens paradisíacas, com muito mar e sol à mistura e que nos fazem viajar sem sair do lugar. Um escapezinho à rotina e depressão pós-férias. São cinco comédias românticas à escolha.
Comer, Orar, Amar - Eat, Pray, Love (2010)
Elizabeth Gilbert passou por um divórcio complicado, estava deprimida e a achar que nada na vida fazia sentido. Então, decidiu viajar durante um ano, dividindo o tempo entre Itália, Índia e Indonésia. Acompanhamos a jornada desta mulher na procura do prazer, da liberdade, devoção, amor e, principalmente, equilíbrio. Em cada experiência acabou por descobrir muito sobre cada país e sobre si própria. O interessante é que isto não é ficção. Ainda que esteja romantizado, ela fez mesmo esta viagem e relatou-a no livro que lançou em 2006. O filme não chega aos pés do livro, achei-o superficial como se estivessemos a saltar capítulos importantes da história, enquanto o livro é mais profundo, explora os conflitos interiores, as reflexões e o crescimento pessoal que Elizabeth passou durante aquele ano. Mas o filme leva-nos para as paisagens magníficas de Bali, transmite-nos a paz dos retiros espirituais da Índia e ainda dá para matar saudades de Roma. Além de que temos a Julia Roberts e o Javier Bardem.
Vicky e Cristina, melhores amigas, decidem viajar juntas para Barcelona nas férias de verão. Não estavam à espera era de se encantarem pelo mesmo homem, Juan Antonio, um pintor espanhol que parece um sonho até chegar a ex-mulher desiquilibrada, interpretada por Penélope Cruz, que é a minha personagem preferida das três.
Gosto muito deste filme e é um dos meus preferidos do Woody Allen. Tem aquele humor peculiar a que nos habituou, um argumento delicioso, personagens loucas como eu gosto e "passeamos" pelas ruas de Barcelona. Como se isto já não fosse suficiente, ainda levamos com o sotaque do Barden (sim, outra vez, depois não digam que não sou amiga) e com a Scarlet e a Penelópe, dependendo dos gostos. É o filme que gosto mais desta lista e se ainda não conhecem, vejam. Vale mesmo a pena.
A fórmula deste filme é basicamente isto: uma miúda está noiva e quer descobrir quem é o pai (dentro de uma possibilidade de três ex-namorados da mãe), dias antes do casamento numa ilha grega, enquanto a família e amigos cantam e dançam músicas dos ABBA. Se não gostam da banda-furor dos anos 70 (como eu) então este filme é capaz de ser um bocadinho doloroso, mas temos a Meryl Streep a fazer parte do espetáculo e isso compensa o resto.
É um filme divertido e com cheiro a verão, que é o que queremos neste momento, com as magníficas ilhas gregas como cenário. É cliché? É. É musical? Sim. Vão ficar com as músicas na cabeça depois de ver o filme? Com certeza. Mas temos o Pierce Brosnan e Colin Firth ali metidos. E, se o virem pela primeira vez, tentem não ir a correr aos sites de viagem ver os preços para a Grécia.
Quinn Harris, um piloto mal-humorado, tem a missão de levar Robin Monroe - editora de uma revista americana que está de férias com o noivo numa ilha turistica da Polinésia - até ao aeroporto que fica numa ilha diferente daquela em que estão. A meio do caminho, levanta-se uma tempestade e são obrigados a aterrar de emergência numa ilha deserta e perdida no meio do mar. Durante uma semana os dois têm que se tentar dar bem e cooperar para sobreviver até alguém os vir salvar. Toda uma aventura que já se sabe onde vai dar, mas se estiverem sem nada para fazer num domingo à tarde, vão passear até lá através da vossa televisão (ou computador). Sempre mudam de ares e vêem o Harrison Ford nos seus tempos áureos.
A Em e o Richard não tiveram tanta sorte como o casal anterior e, depois de terem que fugir do navio onde seguiam por causa de um incêncio a bordo, têm que tentar sobreviver sozinhos numa ilha deserta enquanto ainda são crianças, a educarem-se a eles próprios e a desenrascarem-se sozinhos com o que a natureza lhes dá, sem conhecerem nada do mundo "civilizado", de onde sairam ainda eram pequenos. Fantasiam sobre como será a vida fora dali e a parte gira é ver como começam a desenvolver o lado mais adulto, sem saberem como reagir às mudanças do próprio corpo, dos humores um do outro, do crescimento. É daqueles filmes que já vi trinta vezes mas vejo sempre mais uma e com vontade. E confesso que, quando era pequena, tinha muita vontade de ir viver para uma ilha assim. Ainda hoje tenho, vá. É filme de verão.
Quando perdemos a pachorra para coisas muito in e fugimos de Lisboa em noites de Vogue Fashion Night Out. Deus-maaaa-livre de andar ali a cansar a beleza para cima e para baixo no meio de centenas de wannabes - mil vezes os meus queridos Santos Populares - à procura de descontos inexistentes em lojas de moda e beleza. Não, não, não. Minha rica noite de quinta-feira de pijama a ver filmes.
Cento e cinquenta encontrões por minuto no meio da multidão? Marcas a tentar impingir-nos produtos cada vez que olhamos para o lado? Saltos na calçada portuguesa e roupa digna das produções azeiteiras da Cristina Ferreira só para mostrar a minha chiqueza e dar nas vistas?
Se quiser ver e ser vista vou ali ao Windsurf Cafe na praia de Carcavelos ao domingo, de chinelos e óculos de sol, que é bem mais confortável.