Das discrepâncias e exageros de ser português
Não conseguimos viver sem sol. Então apanhamos escaldões nos primeiros dias de praia.
Dizemos que gostamos muito dos Santos Populares. Reclamamos porque não temos paciência para tanta gente junta.
Temos o melhor jogador de futebol do mundo. Mas o Messi é que é bom.
Somos muito educados. Mas deitamos lixo para o chão.
Dizemos que os políticos são todos uma m#$%$. Mas não votamos.
Temos um nobel da literatura. Não sabemos a diferença entre "à" e "há".
Temos a Sara Tavares, o Manuel Cruz, tivemos a Amália e o António Variações. Mas depois pomos o André Sardet e os DAMA nos tops nacionais.
Temos a mania que conduzimos muito bem. Mas nunca fazemos pisca.
Somos óptimos a fazer festivais de verão. Mas vemos os programas de domingo à tarde.
Não suportamos chuva. Mas adoramos fotos bonitas de chuva no Pinterest.
Tratamos os nossos pais e melhores amigos por você. Mas passamos à frente nas filas quando há comida grátis.
Veneramos os bons actores de Hollywood. Mas pomos o Lourenço Ortigão a protagonizar uma novela.
Nunca temos certeza de nada. Mas damos a nossa palavra que foi assim que aconteceu.
Temos uma das melhores gastronomias do mundo. Passamos a vida a comer sushi, pizza e pato à pequim.
Gostamos muito de Santini. Mas quando lá vamos pedimos sabor a chocolate.
Abrimos mil hamburguerias novas. Mas queremos é ser fit.
Não vemos cinema português porque é chato. Mas pomos fotos no facebook a homenagear o Manuel Oliveira, "tão bom realizador que ele era".
Adoramos a luz de Lisboa. Mas Paris é que é bonito.
Temos algumas das melhores praias do mundo. Mas queremos é ir à República Dominicana.
Somos muito. Mas achamo-nos pouco.
Ser português é ser contraditório, é exagerar, é ser 8 e 80 ao mesmo tempo. É amar ou odiar. Não conhecemos meio termo, porque somos inteiros. Mas também nos dividimos. Gosto muito de ser portuguesa. Mas tem dias.